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Realizam-se homenagens a Mário de Andrade no seu décimo aniversário de morte.
Em São Paulo, a Biblioteca Municipal organiza uma exposição com objetos pessoais e manuscritos do escritor, como noticia o Jornal do Comércio, RJ, 5/3/1955.
Para a ocasião, Anita Malfatti escreve um texto, publicado em periódico:
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Novamente organiza-se exposição de Anita Malfatti no MASP:
Manchete, 26/3/1955
Fundo AM. Arquivo, IEB-USP -
Manchete, 26/3/1955 Fundo AM. Arquivo, IEB-USP
SERENATA; [O VIOLEIRO], 1954-55
óleo s/ madeira, 110 x 80,5 cm
Escreve Marta Rossetti: “A obra já existia em 1955, quando foi intitulada por uma revista como O Violeiro. Teria ficado inacabada.” [MRB, 2 vol., p.83] -
Geraldo Vieira explica que a exposição de Anita Malfatti não é retrospectiva, pois embora haja obras da “fase expressionista”, a “mostra compõe-se de textos plásticos de sabor primitivo e místicos”. Comparando a “fase” valorizada pelos modernistas e divulgadíssima até os dias de hoje, escreve o crítico em 1955:
“(...) é-se tentando naturalmente a comparar os dois extremos de sua carreira, indagando se o último é remate lógico ou negação antípoda do primeiro.
Conclui-se, felizmente, que a atual maneira é o remate lógico não só de seu roteiro técnico como também de sua experiência humana e do seu critério equidistante dos ismos de saturação.”
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Em um dos cadernos de Anita Malfatti encontra-se uma série de desenhos intitulados AS BEM-AVENTURANÇAS. Na maior parte deles também está indicada a passagem do livro de “Mateus”, Novo Testamento, que serviu para a artista pensar seu trabalho:
Quadro 7 - Matt 5:9 “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus”
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Quadro 4 – Matt 5:6 “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos”
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Quadro 5 – Matt 5:7 “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançaram a misericórdia”
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Apesar do quadro 9 trazer a indicação “As Bem-aventuranças”, que são tratadas no Evangelho de Mateus, a cena deste desenho pode indicar o Evangelho de João, 10:11: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas”. -
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Em entrevista concedida ao jornal A Gazeta, Anita Malfatti explica que nessa época não pinta mais como “há trinta anos”, visto que faz “pura e simplesmente arte popular brasileira. É preciso não confundir: arte popular com folclore...". Como não se trata de uma primitivista, mas de quem conhece práticas e teorias da arte, “arte popular” significa, para ela, pintar aspectos da vida do povo, seus costumes e seu ambiente, o que difere da arte folclórica que trata de lendas e crenças.
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APÓSTOLO SÃO PAULO
óleo s/ tela s/ madeira, 54,4 x 38 cm -
Jornais da cidade de São Paulo anunciam a I Exposição Oficial de Pintura de Atibaia. Participam dessa mostra comemorativa dos 290 anos do município paulistano artistas como Flávio de Carvalho, Quirino da Silva, Aldemir Martins, Sérgio Milliet – que também se arriscou na pintura – e Anita Malfatti: